Acionistas processam executivos da Tepco em US$67 bi

Por Yoko Kubota

TÓQUIO (Reuters) - Acionistas da Tokyo Electric Power, operadora da usina nuclear de Fukushima, abriram processo contra executivos da companhia elétrica japonesa, cobrando uma indenização recorde de 5,5 trilhões de ienes (67,4 bilhões de dólares), disseram advogados.

No maior pedido de indenização desse tipo no Japão, 42 acionistas entraram nesta segunda-feira com processo na Corte Distrital de Tóquio acusando 27 atuais e antigos diretores da Tepco de ignorarem múltiplos alertas de um possível tsunami e de não se prepararem para um sério acidente, afirmou a defesa dos investidores.

A usina foi destruída por um terremoto seguido por tsunami em março passado, causando a maior crise nuclear do mundo em um quarto de século e mergulhando a Tepco em enormes gastos com limpeza da área e compensações às vítimas.

Os acionistas querem que os executivos indenizem a Tepco para a companhia destinar o dinheiro aos afetados pelo desastre.

O ministro do Comércio do Japão aprovou no mês passado uma ajuda adicional de 9 bilhões de dólares para a Tepco indenizar as vítimas da crise, mas disse que o governo não iria adiante com o plano de injetar mais dinheiro na concessionária se não tivesse mais voz na gestão.

"Ao procurar responsáveis individualmente, queremos corrigir a irresponsabilidade coletiva e sistêmica na indústria nuclear", disse Hiroyuki Kawai, um dos advogados.

Kawai disse que o pedido recorde de indenização se baseou em números de um painel de especialistas que o governo indicou para determinar quanto a Tepco teria que pagar às pessoas e às empresas prejudicadas pelo desastre. A operadora previu um prejuízo anual de 695 bilhões de ienes.

Procurado, o porta-voz da Tepco, Taichi Okazaki, disse que a companhia não comenta assuntos relacionados a processos.

Tribunais japoneses já exigiram anteriormente que executivos da empresa compensassem suas companhias por má gestão, mas as reparações nunca chegaram a essa escala.

Kawai afirmou que os acionistas podem ganhar o caso, mas reconheceu que é improvável que os executivos paguem tamanha soma. Um dos principais objetivos do processo é fazer com que diretores de outras empresas de energia percebam que podem ser responsabilizados financeiramente em caso de futuro incidente nuclear, disse ele.

Somente dois dos 54 reatores nucleares do Japão estão em operação atualmente e até maio todos serão desligados, já que preocupações do público sobre a segurança têm impedido o religamento das centrais elétricas, mesmo após inspeções.